No meu Pernambuco, onde mora o sol, onde o mar é esmeralda, os coqueiros dançarinos, onde o canavial enche de verde as planícies, onde o agreste é a Suíça do Estado, com seu clima ameno e até frio na conhecida e famosa Garanhuns, terra natal do nosso ex Presidente, cidade turística que abriga colégios famosos como o Sta. Sofia e São Luís, o antigo Sanatório, de tradição reconhecida desde o século passado. Garanhuns , que eu sonhava conhecer em criança, por conta das histórias que ouvia dos nossos amigos, filhos de seu Salustiano e dona Alcina ( a diretora da escola da usina) que todo ano iam lá ,passar as férias de julho.
O pernambucano se veste de casaco, roupa quente, cachecol , meia e bota e adora curtir o friozinho gostoso da cidade ,de praças bem cuidadas, cheias de hortênsias coloridas que sempre se engalana para exibir seus festivais de inverno, atrações para os jovens que adoram movimentos do tipo.
Nem Lampião e todo seu bando sanguinário, nem o nosso querido e saudoso Luís Gonzaga, nem os cordéis vendidos nas feiras , nem os cantadores de viola com seus versos irreverentes e inteligentes , nem os matadores pistoleiros de Exu, nunca, nenhum deles ouviu história mais escabrosa do que essa de canibais perversos que corre o mundo. Já vimos esse filme em outras terras distantes.
Todo mundo sabe que Pernambuco é terra de cabra macho que não leva desaforo prá casa e de vez em quando , ficamos sabendo que algum deles enfia a peixeira no bucho do seu desafeto, mas nunca se ouviu dizer que comesse a sua carne. Essa história grotesca desabona a nossa terra de gente forte e guerreira, detentora dos louros de um passado história cheio de glórias. Nossa gente come buchada, come bode, carne de sol, caranguejo e outras tantas iguarias que tantos apreciam. Mas carne humana nunca fez parte do nosso cardápio. No mínimo os canibais em pauta, nem sequer são pernambucanos ou são desvairados pervertidos merecedores de serem jogados aos jacarés do pantanal .
Notícia desse tipo, provoca repulsa e inverdades normalmente destacadas pela mídia que usa e abusa do tema para enquadrar a nossa terra como violenta e préhistórica.Só que não pode ficar rodando o Brasil e o mundo como se lá vivêssemos na idade da pedra.
Prefiro ressaltar o que temos de bom . Quero falar do povo acolhedor, forte e artista que a nossa terra produz. Prefiro comentar o programa da TV Cultura, no Domingo passado em que o Boldrim apresentou O QUINTETO VIOLADO, existente há 40 anos , que encheu meu coração de encanto e orgulho,tocando e cantando as músicas imortais do nosso grande cancioneiro LUIS GONZAGA , em homenagem ao seu centenário. Prefiro falar da nossa cultura, do valor de tantos pernambucanos que se destacam no mundo inteiro. Quero ler Manuel Bandeira e morrer de saudades de Recife ( “mais bonita que Paris”) e ir embora prá Pasargada ou andar pelas ruas da Aurora, da União, visitar o Mercado de São José, passar sobre as pontes e ver de cima os rios Capibaribe e Beberibe, ou ainda ver a cidade revitalizada, linda e clara, a mais clara do mundo em luminosidade solar. Quero ainda, lembrar do amanhecer na praia, do sol levantando suavemente de trás do mar, renovando a vida e enchendo de luz o dia que preguiçosamente começa.
Este é o Pernambuco que o mundo precisa conhecer ! As águas mornas do nosso mar, o doce mais doce do que o mel das nossas frutas tropicais, as nossas festas alegres e tradicionais. Isto tudo ,eu quero ouvir, ver e saber em todos os noticiários. Quero saber que o governo está investindo na região e melhorando a vida do nosso povo, principalmente do sertanejo que é “ um forte”, para que não saia da sua terra e fique lá fazendo o bem que faz em outros lugares. Quero saber que a chuva caiu no sertão, molhou a terra tórrida, encheu as cisternas e os açudes, que o mandacaru “fuloriu”, que a feira de Caruaru continua tendo “de tudo que há no mundo”, quero que o jegue continue sendo atração nas corridas.
O episódio funesto e isolado, que seja morto e sepultado e que a tão querida e atraente Garanhuns, seja cantada e decantada pelo seu clima maravilhoso, pela sua gente trabalhadora, pelo que tem de tradição, de valioso e bonito e que quem lá vive possa se libertar desse estigma, com muita galhardia !!!
Graça,16/04/2012
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