segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ano Novo

                  E lá vem o ano novo !  2012 está chegando com a previsão nefasta de que o mundo vai acabar. Quanta bobagem ! Há quem se impressione com isso.  Aliás, o mundo acaba todos os dias prá muita gente, que consegue destruí-lo com suas ações maléficas, com seu pessimismo, com seu poder de extermínio. Acaba prá quem pensa que a vida neste planeta é eterna, acaba prá quem tem a ilusão de se perpetuar pelo poder, pela ambição exacerbada, pela prepotencia desastrosa. Todos  os dias,  o mundo termina prá quem não sabe qual a verdadeira essência da vida, prá quem duvida do poder de Deus e da imortalidade do espírito. Acaba  sim, o ano, começa outro e mais outro e, quando nos damos conta, já são muitos os passados.
                   A festa de Ano Novo, também faz parte das minhas memórias e me transporta para a Usina Trapiche. Mamãe preparava os seus quitutes e à Meia Noite ficávamos imóveis, perfilados perto do rádio, para ouvir o Hino Nacional. Era um ritual que papai fazia questão de cumprir. Depois, ele abria uma champanhe e fazia um brinde, com um pequeno discurso. Mamãe chorava que chorava e só depois é que podiamos nos cumprimentar com a frase nada criativa de " Feliz Ano Novo " , com abraços e beijos. As familias se visitavam e festejavam a virada do ano, oferecendo o que tinham à mesa. Nossa casa era uma das últimas da rua e até o clube tinhamos que passar nos vizinhos , cumprimentando a todos. Depois das comemorações, tínhamos "grito de carnaval" e todo mundo caía no frevo até o amanhecer.
                    Diferente do Natal, a virada do ano, hoje, não me alegra, não me empolga. Participo dos festejos sem muito entusiasmo, com muita nostalgia. Não sei se porque me entristeço com a ausencia dos meus pais, da família ou se porque, acabo lembrando de toda aquela choradeira que sempre acontecia, deixando uma espécie de tristeza no ar. Eu não entendia porque tinha que ser triste.  Na época , o que eu gostava mesmo era da festa no clube, depois de romper o ano. Carnaval era tudo de bom e não havia limite de idade para participar. Criança podia pular e dançar à vontade, sem preocupação com mais nada. Lembro até dos tira-gostos do clube. Geralmente, o que serviam , eram espetinhos de salsicha, queijo e azeitona ou ovos cozidos ou, sanduiche de pão de forma, em forma de triangulo, com queijo do reino. Eu amava tudo isso. Como esses petiscos eram gostosos! Tão simples e tão inesquecíveis! Tudo naquele lugar é inesquecível e me enche de saudades, saudades que marcam a vida de todos nós que tivemos a felicidade de ter uma infancia rica e cheia de encantos. Eu me sinto como a própria " Alice no país das maravilhas"! Não pode ser diferente.
                    Logo depois do Ano Novo, íamos para a praia e aí sim, a festa era maior. Passar férias na Barra de Sirinhaém, era um verdadeiro presente do céu. Era como se o tempo parasse para que pudessemos  viver dias de verdadeira felicidade !
                    Mais um pouco e teremos um novo ano e cabe a cada um, fazer dele um ano especial. Como já falei antes, temos que viver um dia de cada vez, valorizando as coisas positivas, abrindo o coração para o amor, a paz , a alegria. Deixemos prá trás o que nos angustiou , acreditando que sempre teremos dias melhores e mais proveitosos se procurarmos  fazer com que valham a pena, aproveitando as oportunidades, valorizando sempre mais o dom da VIDA!!!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal e Sonhos

                     Chegou a noite de Natal e mais uma vez curti todo o encanto que ela me traz. Muitas coisas mudaram, a vida mudou, os anos passaram, mas a noite de Natal, continua mágica. Hoje eu me delicio com a alegria, especialmente das crianças que não conseguem esperar a chegada do Papai Noel e nos deixam desesperados prá ver o que ganharam de presente.   Essa,  a maior diferença!          Quando crianças, festejavamos o Natal e só víamos os presentes na manhã seguinte, nos sapatos, embaixo da cama. Isso nos fazia sonhar e nos deixava perplexos com a visita sempre invisível do bom velhinho.
Hoje, os presentes ficam embaixo da árvore e todos participam da distribuição de pacotinhos muito bem feitos, cheios de graça,que dá até pena de abrir . As crianças ficam encantadas com tantos e não sabem direito de onde vieram, mas curtem do mesmo jeito. Hoje, eu não espero presentes de Papai Noel e sim me transformo em Vovó Noel, papel que adoro fazer.Enfim, os anos passaram céleres e não roubaram a minha alegria e os meus sonhos. Apenas, me deram cabelos brancos, mazelas da idade e muita vontade de fazer a alegria dos outros. Hoje, a cozinheira sou eu e quem me conheceu há muitos anos atrás, não entende os meus dotes culinários de agora.
                    Até eu me surpreendo, com a mesa que preparo e fico feliz de ver como todos se deliciam e, sinceramente, fico esperando os elogios que me fazem um bem enorme. Essa devia ser a sensação da Dona Graça, quando nos presenteava com sua ceia maravilhosa.
Os tempos mudaram, as pessoas não são as mesmas e eu sinto uma saudade indescritível dos meus pais e irmãos, todos ausentes. Um filme passa na minha cabeça e eu me renovo para a vinda de mais um ano que se avizinha e que não sabemos o que nos trará. Todo ano, nessa época, proliferam as previsões, às vezes assustadoras e nós que já vivenciamos isso tantas vezes, não nos impressionamos. É mais um ano que está terminando, mais um ano de experiência, mais um ano que às vezes, difícil, não nos tira a esperança de um outro melhor.
                   É tempo de Natal ainda. A festa já foi mas a certeza de que fizemos o melhor, dá um equilíbrio muito grande para o nosso espírito, que se entusiasma com a felicidade de quem esteve conosco. É muito bom ter a familia reunida, o que não acontece todos os dias por vivermos tempos de muita correria, de trabalho, de afastamento pelas distâncias, de falta de tempo de todos. O Natal aproxima e faz com que nos sintamos juntos e unidos.
                   Há quem encare a reunião de Natal como uma reunião hipócrita, etc.,etc.,o que vejo como argumento de quem não consegue entender o sentido de tudo isso.  Argumento de quem não teve a felicidade de embarcar no sonho e na magia desse momento de prazer que vivemos pelo menos uma vez no ano. Na minha história, o Natal é vida e graças a Deus acontece todo ano, nos trazendo a renovação das promessas de Jesus. São essas promessas e ensinamentos que nos dão força para superar as adversidades  e agradecer as benesses que recebemos todos os dias, das quais, às vezes nem nos apercebemos. Tudo tem seu valor, tudo é vida, tudo é aprendizado e tudo faz parte da nossa evolução.
O Natal nos aproxima especialmente de Deus e de quem amamos. Toda a criatividade em torno dele é válida porque nos devolve a alegria da infancia e nos faz tentar oferecer às nossas crianças, o sonho e o brilho dela. O sonho faz parte da vida e, sabemos que ela acaba quando deixamos de sonhar. E sonhar é muito bom ! De vez em quando o espelho me desperta, quando, minhas cãs são, nele refletidas. Não me atormenta nem um pouco quando isso acontece. A idade não interfere em nada, no meu mundo encantado dos sonhos. A vida já é muito dura para que fiquemos o tempo inteiro em estado de alerta. A corrida do ouro nos faz perder momentos preciosos com a família, com os amigos e conosco. Deixamos escapar entre os dedos, o que pode nos dar a verdadeira felicidade. O ganho é primordial mas não pode ser mais importante que a vida, que a família. Não podemos deixar de ver nossos filhos crescerem.
Mais um ano se aproxima e espero que ele seja um caminho iluminado para todos, trazendo bons fluidos, muitas coisas positivas e a noção exata de que dura apenas trezentos e sessenta e cinco dias que,  passarão sem volta.
                   Precisamos viver cada dia de uma vez, aproveitando tudo que ele nos traz, sabendo que o amanhã não nos pertence e que o ontem já passou. Essa é uma filosofia de vida de quem tem muitos anos de janela, observando e vivendo um pouco de tudo. Espero que as pessoas sonhem bastante e se permitam o direito de aproveitar cada momento da , sem se preocupar tanto em armazenar tesouros aqui na terra, por que não os levarão na viagem de volta. Espero que procurem ser fiéis à sua consciência e não ao mundo.    Espero que sejam felizes e que conquistem essa felicidade, sem esquecer de sonhar!!!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 3 dias para o Natal (Minhas memórias )

Tão pertinho do Natal e estou sentindo uma saudade muito grande dos meus pais, dos meus irmãos, de tudo que vivemos juntos, numa época que está muito viva na minha memória mas muito distante da minha realidade. Às vezes a vida dá uma volta na nossa história e, tudo que vivemos lá atrás, parece um sonho, um conto que lemos nas páginas amareladas de um livro perdido no tempo. Já falei antes que saudade boa, faz bem, nos dá alegria e não mata nem maltrata, mas não falei que a saudade, não faz voltar o passado e não muda o que já foi. Nas minhas idas pelos caminhos de volta,fico pensando como seria se não tivessemos livre arbítrio para fazer mudar o que nos foi dado como presente. Fico pensando como seria se as nossas escolhas fossem diferentes. Na hora de tomarmos decisões estamos sempre certos do que queremos e ninguém pensa em se vai dar certo ou não. Vamos em frente e às vezes atropelamos até a nossa consciência, os nossos sentimentos. Há um momento em que não temos muita escolha e seguimos. E não adianta recuar, principalmente quando outras vidas dependem de nós. Estou falando isso porque hoje sei que, o que eu queria prá minha realização ficou perdido no tempo e no espaço.
O tempo passou e eu me distanciei das minhas origens, do meu mundo, das coisas que me dão chão. Sinto saudade sim e muita, de tudo que diz respeito à minha terra, ao meu pedacinho de céu, onde fui tão feliz!
O Natal é a forma mais precisa de me encontrar comigo mesma, de acreditar que a cada ano, posso reviver a magia que me transporta. Posso voltar no tempo e acalentar meu coração cheio de tanta vivência, nem sempre por mim escolhida. No dia 24, quero estar aberta para receber os bons fluidos que o dia nos trás. Quero ver brilhar os olhos dos que vão estar comigo, quero repetir aquilo que aprendi em pequena e sentir a presença de todos que estão longe de mim, nessa noite abençoada.
Quero ouvir cantar "Noite Feliz" como na noite de Natal lá da Usina, na Missa do Galo, quando mal conseguiamos ficar em pé, tomados pelo sono e pelo cansaço dos festejos. As vozes nada afinadas do coro improvisado, nos sacudia dos cochilos e era muito engraçado para nossas cabecinhas da época. Quanta peculiaridade naqueles momentos festivos! Sinto falta dessa pureza, da simplicidade de tudo que nos envolvia. Sinto falta do verdadeiro espírito de Natal, das manobras do nosso Papai Noel, para nos fazer felizes e das gostosuras da Dona Graça, tão desprendida de qualquer sentimento que não fosse o de nos oferecer o melhor.
O Natal me renova, me enche de luz e me dá sempre a certeza de receber a visita divina do Menino Jesus, com sua promessa de vida, de paz e de amor. Tudo isso, eu desejo ao mundo inteiro, na noite de Natal. Que seja de muita magia e encantamento para todos !

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 5 dias para o Natal ( Minhas Memórias)

Há apenas 5 dias do nosso Natal lá na Usina Trapiche, já tinhamos tudo prontinho para a festa. A casa já estava pintadinha e nossas roupas prontas.As anáguas, minha e de Luiza já estavam engomadas, bem duras, para armar os nossos vestidos exatamente IGUAIS. Lembro especialmente de um branco, todo bordado por mamãe que adorava nos vestir de bonecas. Todos nós já estavamos com a beca preparada, sapatos novos, esperando o grande dia. Íamos todas as tardes, curtir o parquinho e fiscalizar a arrumação do clube, ver se a árvore de Natal já estava sendo decorada por Neco, que era o "PROMOTER" da Usina. Ele organizava tudo e a criançada não o deixava em paz. Nessa altura, já começaram a armar o Presépio, na calçada do armazém, onde na noite do dia 24, seria celebrada a Missa do galo. Estava próximo o Natal e nós nos agitavamos com a espera
Na nossa casa, os preparativos eram imensos.Faltando uns dois dias para a festa, mamãe já mudara todos os móveis de lugar, costume que tinha , acho que na esperança de renová-los. A casa era inteira lavada e como naquela época não havia sabão em pó, o de barra (Bem-te-vi), era derretido e com ele esfregavamos o chão, ficando um cheiro gostoso de limpeza que até hoje posso sentir. No piso de taco, passavam cera e nos móveis, óleo de peroba. Tudo era cuidadosamente limpo e o cheiro tomava conta de todos os ambientes. Nossa árvore improvisada já estava coberta de algodão e cheia de bolinhas, agradando nossos olhos inocentes. Havia muita magia nisso tudo e nada, por mais bonito e mais rico, pode superar a sensação de felicidade que invadia nossos corações.Nas nossas cabeças não passava a idéia de pedir isso ou aquilo ao Papai Noel. O que viesse era uma festa e acho que nunca deixamos Papai e Mamãe constrangidos ou frustrados por não poderem atender os nossos pedidos.Papai comprava nossos presentes nas barraquinhas montadas no páteo em frente ao armazém e nos deixava felizes e excitados. Esperávamos sim , que o Papai Noel viesse e sabíamos que ele viria com toda certeza. Hoje, temos toda uma apelação comercial em torno dos presentes de Natal. As crianças pedem coisas que às vezes os pais não podem dar, gerando uma culpa enorme neles. Cabe a cada um, conscientizar os seus filhos da sua realidade e fazer com que eles fiquem felizes com aquilo que lhes é oferecido. O importante é o verdadeiro sentido do Natal. A criança não sabe o preço de um presente que independente do seu valor, pode agradar do mesmo jeito. Lembro de quando meus filhos, Flávia, Silvia e Marcio eram pequenos e na época, os únicos netos e sobrinhos do clã, todos os cobriam de presentes lindos, caros, os mais modernos. Luiza, ia na Loja Brasileira e enchia três sacolas de bugingangas, tudo coisinhas baratas.Os três ficavam encantados e era com os presentes dela que brincavam mais.Ela se gloriava da sua sabedoria ! Na cabecinha da criança, nem sempre o objeto de desejo é o de maior preço. Falo tudo isso porque as pessoas estão convertendo o Natal num negócio, numa troca de presentes e estão esquecendo que Natal é amor é paz é festa de aniversário do nosso Jesus. Não podemos esquecer isso. É muito bom dar e ganhar presente, é uma oportunidade de dizer às pessoas que as amamos, de agradecer a quem nos prestou um serviço, uma opotunidade de fazer uma boa ação a quem precisa de nós.
O Natal é uma festa cristã, acima de tudo e aproxima as pessoas pelo amor, pela solidariedade, pela reunião da familia, pela necessidade de reavivar nos nossos corações, as promessas do nosso REDENTOR. Nunca, o mundo precisou tanto das nossas orações da nossa esperança, da nossa certeza de que Deus existe e é muito , muito MAIOR do que tanta maldade que nos aflige cada vez mais. Vamos deixar que o MENINO JESUS entre na nossa casa na Noite de Natal e nas nossas vidas, sempre!!!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 7 dias para o Natal ( Minhas Memórias )

Hoje é Sábado e daqui há uma semana é véspera de Natal, dia tão esperado por mim e por muita gente do mundo inteiro. Cada dia me encanto mais com o que vejo nas cidades, preparadas para a festa. Fico pensando como se sentem as crianças, diante de tanta beleza exibida. A criatividade de quem às vezes, passa o ano inteiro, elaborando todo esse material natalino, é incrível. Talvez não lhe ocorra que o seu potencial seja inspiração do alto.
A beleza é tanta, que dá vontade de ver tudo de perto e participar de todo o encantamento criado em torno do evento mais importante do mundo cristão.Dá
vontade de chegar pertinho de todo Papai Noel, de cada árvore iluminada, cantar junto com os Corais que surgem em todos os lugares. É muita coisa linda prá ser apreciada e temos que aproveitar cada uma delas, para encher nossos olhos e nosso espirito.Há de se louvar tanta manifestação em torno
da vinda do nosso Messias e esperar que as pessoas tenham a consciência do
que tudo isso representa para o cristianismo. Sabemos do interesse comercial
gerado pela festa natalina e não podemos mudar isso. Podemos sim, mudar o que pensamos a respeito e transformar o que está ao nosso alcance, em sentimento de amor, de paz, de alegria, de gratidão, de solidariedade para com os nossos semelhantes.Tudo, no Natal tem seu simbolismo, desde uma bolinha até o maior presente. Quando Jesus nasceu, naquelas circunstancias tão adversas, foi homenageado com o brilho da estrela que guiou os Reis Magos, para que chegassem até Ele, levando as suas boas vindas. O presépio que se monta a cada ano, nos faz lembrar o quanto foi esperada a vinda do Messias. Na época, não se podia demonstrar a sua aceitação, mas hoje somos livres para segui-lo e amá-lo da forma que acharmos melhor. Toda essa festa de hoje, comercial ou não, é válida, para reavivar em nossos corações, como é importante a vinda de Jesus para a humanidade. Com certeza, Ele tira proveito disso para amolecer aqueles corações empedernidos que teimam em não valorizar os seus ensinamentos tão presentes na nossa vida.
O que seria da humanidade se Jesus não tivesse vivido entre nós? Foi tão curta a sua passagem e, tudo que Ele ensinou normatiza as relações mundiais, mesmo entre aqueles que não o conheceram. Jesus é amor, é vida, é luz e queiramos ou não, a sua presença se faz sentir em todos os momentos.
As pessoas têm sede de Deus e o procuram em vários lugares, de todas as formas e Ele está dentro de cada um de nòs, acreditemos ou não.
Vamos aproveitar esse clima festivo do Natal para encher nosso espírito de esperança, de fé e de amor. Vamos presentear Jesus, com a entrega da nossa vida em suas mãos e acreditar que Ele cuidará dela com o maior carinho. Vamos pedir que nos ilumine e ensine a viver com sabedoria para que possamos guiar aqueles que dependem de nós. Vamos deixar para nossos filhos, a certeza da sua presença na vida de cada um. Vamos festejar o Natal com o mais puro espírito cristão!
Os mais jovens, acompanham todo esse clima de Natal com a maior naturalidade e talvez não sintam o mesmo encanto que eu. Quando criança, me encantava com os poucos recursos da época e no decorrer dos meus muitos anos,vejo aumentar a criatividade e se tornar real aquilo que víamos nos cartões de Natal. Isso não tem preço. A evolução é uma coisa maravilhosa e lhe damos valor quando a acompanhamos ano após ano, dia após dia,vendo surgir coisas diferentes , modernas, cada vez mais bonitas. O homem, com sua capacidade incrível de fazer coisas, nos surprende sempre. E tudo isso é obra divina. É o Deus que está em cada um de nós !!!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Medicina caseira.....

Contribuição de Valério Peres

Graça você falou de papai "médico" e eu lembrei um causo.
Um belo dia papai chamou a gente para ir com ele ao almoxarifado da Usina atras de uma chumbada para colocar em sua vara de pescar. Lembro que nessa época ele estava tirando as férias de seu Abelardo que era o almoxarife. Prá nós garotos o enorme almoxarifado era um mundo encantado onde você podia encontrar tudo que alguém podia imaginar para o perfeito funcionamento da Usina. O que me maravilhou mais foi uma fileira imensa de caixas, presas na parede e ligadas umas nas outras, cheias de pregos de todos os tamanhos e espessuras, parafusos, porcas e não sei mais o que. Eu sei que peguei um preguinho, friosinho, gostosinho, e coloquei na boca. Papai viu e reclamou comigo dizendo que eu podia engolir o dito prego. - Nada pai eu vou colocar no lugar, disse eu pensando - será que papai pensa que sou doido pra engolir um prego !? - . No mesmo instante - por artes do diabo - Carlos com suas brincadeiras alopradas, veio correndo e esbarrou em mim com toda força. - Não deu outra: engoli o raio do prego... E aí, meu irmão, começou meu sofrimento: fui levado pra farmácia onde o farmacêutico, - não recordo seu nome - me fez um medo desgraçado dizendo que eu podia morrer e disse a papai: - Abel, levar pra Recife nem pensar; é uma longa viagem e com os sacolejos do ônibus esse prego pode provocar uma hemorragia e aí... Você vai fazer o seguinte: compre umas dez laranjas, um pacote de algodão e leve esse remédio Sal amargo, que é muito bom - muito tempo depois soube que era um remédio usado para curar cólica de cavalo - . Tire a casca das laranjas e dê a ele apenas a pele. Depois que ele comer toda a pele faça ele comer o pacote de algodão e finalmente prepare uma solução do Sal amargo num copo grande e dê a ele pra beber. Mano, o que o medo de morrer num faz...! Pense numa sensação horrorosa e num gosto desgraçado.... Fiquei sem saber se vomitava, ia no banheiro, se saia correndo pelo quintal ou se morria mesmo de agonia e enjoo. Nunca fui tão paparicado quando ia ao banheiro! Ainda lembro do desespero de mamãe diante de minhas sucessivas negativas. Durante anos guardei o trauma e o gosto do Sal amargo com pele de laranja e algodão; mas devo reconhecer que foi um santo remédio: no outro dia o diabo do prego saiu, bonitinho e enrolado no algodão. Mamãe pagou uma de suas promessas mais caras e eu nunca mais botei prego na boca. Anos depois um garoto, Biu que morava conosco e tinha tirado o maior sarro com a minha desdita fez a mesma trela: engoliu um parafuso e eu me vinguei com gosto: fiz ele comer as peles de umas 20 laranjas e dois pacotes de algodão com dois copos de Sal amargo. O cabra escapou e botou o danado do parafuzo...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Já que lembramos os nomes do pessoal da farmácia, o negócio era o seguinte : Amaro Ramos era o farmaceutico e vem antes; Moacir e Amarozinho eram os enfermeiros. Isso quando ainda éramos muito pequenos. Amaro Ramos era casado com Marieta e ,tinha um monte de filhos ,entre eles Ramon que se tornou jogador de futebol, quando rapaz. Eles moravam na Rua da Gaveta e depois se mudaram para a casa vizinha de Dr pedro. Moacir era nosso compadre várias vezes.Batizamos alguns de seus muitos filhos. Eu sempre era madrinha de apresentar e, os meninos toda vez que passavam na frente de nossa casa, gritavam : " bença minha madrinha !" Eles moravam lá naquela rua depois da casa grande, perto de Jorge e de Seu Augusto. Amarozinho, fazia nossos curativos e e aplicava as antitetânica que nós mesmos nos receitavamos. Ele era bem magrinho e noivo. Morava na Rua da Linha.
Seu Cecílio veio depois que Dr. Pedro já não estava mais na Usina. Ele era um negro alto e muito preparado, muito educado e amigo nosso. Morava numa casa perto da do gerente do armazem e tinha vários filhos, entre eles um que tinha vitiligo, o que me despertava muita curiosidade. Seu Cecílio era muito falante,elegante até ,e uma das poucas pessoas do lugar, que tinha um carro, chamado de " FOFOCA" por ele.
Papai gostava de conversar com ele e por isso sempre aparecia lá em casa.
Certa vez, eu tinha uns 13 anos mais ou menos e como ia haver uma festa em Sirinhaém, estávamos eu e Lia no maior fogo para ir até a Cidade vizinha. Seu Cecílio apareceu lá em casa e nos convidou para ir com ele. Ficamos na maior euforia e pedimos a Papai para que nos deixasse ir, no que ele logo colocou mil empecilhos, entre os quais, como iríamos ,se não havia condução para isso. Eu, muito tonta,
" ignorante de pai e mãe" , argumentei com a maior ênfase : - " A gente vai na XOXOTA de Seu Cecílio ! Deixa papai... Seu Cecilio chamou a gente prá ir na XOXOTA dele !!!" Papai me olhava, fazia gestos e eu não entendia nada. Mamãe ficou roxa de vergonha e o Seu Cecilio muito sem graça se despediu e foi embora sem nós duas.
Depois do ocorrido, Mamãe, cheia de dedos, me chamou de lado e me explicou direitinho a besteira que eu havia feito e depois dessa, morria de vergonha de encarar o Seu Cecilio, dono da FOFOCA.

Contagem Regressiva 8 dias para o Natal (Minhas Memórias )

                   Faltando apenas uma semana para o Natal, a minha ansiedade cresce e eu me descubro remexendo as coisas do passado e renovando as minhas energias para não desanimar diante dos problemas do presente. Meu corpo tem que acompanhar o espírito e se manter firme para garantir a festa de todos. Amanhã já começo a fazer meu bolo de Natal, aquele com vinho , cheio de ameixas, passas e frutas cristalizadas, que todo mundo adora. Normalmente, faço uma quantidade muito grande e todos que participam da nossa festa aqui, no sítio, leva um bolo prá casa. Isso é coisa minha, que já se tornou tradição. Só que agora, preciso de ajuda e ela vem amanhã, através da Leila e do Júlio. Vou por os dois prá trabalhar. Aprendi a fazer essa delícia com Lurdes, nossa prima , no Natal de 1964. Desde então, faço todo ano, com muito gosto.
                   Hoje, eu vou voltar ao início dos anos 60, lá prá 62/63. Nessa época, eu morava na casa de tia Mana,  minha madrinha, a quem devo meus estudos no Instituto Maria Auxiliadora, na Capunga em Recife. À principio, fui interna de 57 a 60 e depois , na vez de Luiza começar o ginásio, fui morar com tia Mana , onde fiquei durante 3 anos e minha irmã tomou o meu lugar no internato.Da tia Mana, só tenho boas recordações. Ela foi muito boa comigo e com todos nós. Os meus irmãos, iam visitá-la e sempre ganhavam o dinheiro para irem ao campo de futebol, o que era uma benção. Comigo, não era diferente ; sempre havia um dinheirinho embaixo dos meus livros pela manhã. Aprendi muito com ela e procurava ajudá-la a cuidar de Maria das Graças, sua neta , um pouco mais nova que eu , mas uma verdadeira criança, porque era portadora de down. Quando eu morava lá , Lurdes e Antônio, sempre me convidavam para algum passeio e às vezes eu ia prá casa deles ficar com as meninas Rosa, Angela e Aninha, quando ele iam fazer algum programa à noite. Lurdes me ajudava nas lições de inglês e eu adorava ir prá lá , tanto que acabei morando dois anos com eles. Nesse tempo, Luiza saiu do internato e ficou com tia Mana.
                    Antônio e Lurdes, literalmente me adotaram. Quando eles ainda moravam perto do Derbi, na rua Artur Orlando, era muito engraçado. Lurdes não aguentava mais aquela casa que foi ficando pequena e os dois resolveram construir uma nova, na Madalena. Antônio, sempre foi um grande bagunceiro e Lurdes, filha de tia Mana, cheia de etiquetas, queria morrer com as palhaçadas de seu marido.Nessa época, eu já fazia o curso Normal e dava aulas numa escolinha perto do trabalho de Antônio , que me dava carona de manhã. Ele era terrível. Prá começar, me apelidou de Guarajuba ( acho que o certo é garajuba, o peixe) porque eu tinha muita bochecha. Até hoje, as meninas me chamam de Guara.
                    Durante a construção da casa nova, a ordem era apertar o cinto e Anônio deixava Lurdes louquinha, com sua bagunça.Rosa e Aninha brigavam muito e numa dessas brigas, Aninha revidando alguma coisa que Rosa  disse e ela não gostou, falou para a irmã que ela tinha que casar com um homem muito rico para lhe comprar bastante lençóis, isso porque a outra fazia xixi na cama.                                              
                   Terminada a construção, mudamos para a nova casa e lá havia muito espaço, a casa era linda e cada um tinha seu quarto, com armário embutido, tudo nos trinks, embora faltasse muita coisa de acabamento e móveis. Rosa dividiu seu quarto comigo e assim foi durante 1 ano. Antõnio era gerente regional da Willys Overland e sempre recebia visitas do Presidente e Diretores da empresa , bem como outras pessoas que tabalhavam com ele. Toda visita que ia lá , ele levava para mostrar a casa. Eramos avisadas para manter tudo arrumado. Angela não dava problema, era muito organizada. A pior era Aninha que enfiava as roupas e os brinquedos no armário, de qualquer jeito. A primeira coisa que seu pai fazia quando entrava no quarto dela, era abrir o armário diante da visita. Não dava outra. Quando abria a porta, caía tudo no chão e ele se devertia com isso. Uma vez, ele tinha levado alguém importante da empresa e eu tinha acabado de sair do banho e, estava enrolada na toalha e sem pintar as sobrancelhas. Quando percebi que estavam chegando, me escondi atrás da porta do quarto de Rosa. Ele entrou no quarto com a visita e puxou a porta prá me sacanear. Foi um vexame ! Quase morri de vergonha e ele durante muito tempo, tirou sarro da minha cara.
              São muitas as recordações e eu não podia deixar de registrar a minha convivência com pessoas tão importantes na minha vida. Aprendi muito com todas elas e sou muito grata pelo que fizeram comigo. Hoje, resta a saudade de Antônio que se foi e muita saudade também de Lurdes, de Rosa, de Gigi e de Mima, por estar tão longe delas.
                    

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 9 dias para o Natal (Minha memórias)

Falta pouquinho para o Natal, tão pouquinho que Papai Noel já andou por aqui dando o ar de sua graça. Até computador, eu já ganhei da minha filhota Silvia, sem falar em outras coisitas mais. E ainda tem gente que diz que ele não existe... Saibam que ele é muito real e até posso vê-lo, no seu trenó luminoso deslizando pelo céu, puxado pelas simpáticas renas, vindo em minha direção. Em criança, eu o via entrando muito" degavarzinho" pela janela do meu quarto, da mesma forma que vi a "cegonha",indo embora, depois de deixar Luiza e Lourencinho depois que nasceram. Nas duas vezes corremos todos para o quintal prá ver a cegonha. O nosso imaginário infantil era fértil e ia longe. Muito bom isso!!!
Hoje, vou lá na Usina Trapiche, de novo e, desta vez vou falar de esporte.
Na Usina tinha um campo de futebol que ficava atrás do cinema , onde as partidas aconteciam, geralmente nas tardes de Domingo, com a presença de toda sociedade local. Não sei precisar quando ou porque, mas lembro de um jogo,que aconteceu onde era o campo de aviação. Lembro, porque levei uma bolada na cara e quase morri de chorar. Não sei dizer se isso foi antes de fazerem o campo atrás do cinema ou se por algum motivo, aconteceu lá.
A Usina tinha um time profissional e convidava times de outras Usinas da redondeza e às vezes de Recife, que vinham com torcida própria e davam seu espetáculo esportivo. Um dos craques do time local ,era Lamparina, assim chamado ,por ser um negro reluzente. O cara era bom de bola ! Dos outros não lembro, mesmo porque nunca fui muito afeita a futebol. Num belo Domingo de sol, houve um jogo entre o time da Usina e um de Recife. Fui com Lia e um seu namorado " POLOCO" , um cara muito estranho que fazia qualquer coisa para calar minha "boquinha de sirí". Fizeram um" bolo" e o Poloco prá me agradar, mandou que eu desse um palpite. Entendida como eu era do negócio, dei um palpite de 7 x 0 a favor da Usina. Quem pagou prá mim foi o Poloco e ainda deu risada do meu palpite absurdo. Pela primeira vez torci num jogo e aconteceu um gol, depois outro e outro e por fim o sétimo. Eu fui a única ganhadora e fui buscar o meu dinheiro. Era um monte de notas de pequenos valores e como eu não tinha como carregar tanta coisa , coloquei o dinheiro na saia e saí correndo prá casa seguida por Murilo, os dois na maior excitação. Papai estava contando o dinheiro, quando chegaram os organizadores do bolo para pegar parte do dinheiro que seria dado a um jogador que estava precisando, sendo esse o objetivo do bolo. Mesmo assim foi a glória !!!
Não posso esquecer a minha felicidade e de Murilo, correndo dois pelo meio da rua, levando a minha grande fortuna e a surpresa de Papai Mamãe, aos quais tive que explicar tudo direitinho.Com certeza, entreguei Lia e seu nmorado Poloco, de voz cavernosa !!!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 10 dias para Natal (Minhas Memórias)

                    Faltando tão pouco tempo para o Natal, é natural que os preparativos já estejam bem adiantados.Como sempre , enchi o saco de Papai Noel com minhas lembrancinhas, o que me deixa tranquila para preparar outras coisas. Agora é só terminar de arrumar a casa e preparar a ceia, o que faço com o maior prazer, apesar das minhas limitações, que aliás não são minhas e sim de todos que me controlam. Se depender de mim, faço tudo numa boa, mas os meus controladores me fazem colocar os pés no chão, coisa que me deixa muito mal. Pensar que posso ir parar num hospital, prá fazer exame, me deixa de cabelo em pé. Não quero nem pensar nisso agora. Faço tudo que quiserem , depois das festas de fim de ano. Do jeito que curto o Natal, quero mais é estar bem , com muita energia, para comemorar aquilo que no meu coração, tem muito significado.Natal, prá mim , é renovação, é tempo de pensar nos ensinamentos de Jesus em tudo que Ele nos deixou como herança e, tempo de fazer a alegria de quem amamos e de quem precisa de nós. Noite do dia 24 de dezembro, é sagrada. Temos que fazer muita festa e deixar marcadas nas nossas crianças a felicidade e a sensação gostosa que nos passaram nossos pais. Só sinto não ter a Missa do Galo ao nosso alcance, por conta da distancia e pelos perigos da noite. É realmente uma pena !
                      Hoje, na minha viagem no tempo, continuo falando de Seu Abel, das coisas que nos ensinou, sempre com muita sabedoria. Na nossa casa, sempre houve armas de fogo, que ficavam ao alcance de todos e nós tinhamos a noção exata do seu perigo. Ninguém se atrevia a usá-las indevidamente a não ser Murilo que certa vez, pegou uma espingarda e foi para a varanda, apavorar um colega de escola que o desacatou.Não passou de um susto que quis provocar no menino e naturalmente em Mamãe que o surpreendeu na emboscada. Claro que tomou uma bronca daquelas , enfiou o rabo entre as pernas e nunca mais aprontou outra.
                       Acontece, que todos sabiamos como usar uma arma. Papai colocava um alvo numa determinada parede atrás de casa e os meninos praticavam tiro com  rifle e revólver . Todos tinham muito boa pontaria e faziam uma espécie de competição. Eu, como sempre discriminada pela minha condição sexual, era" personna non grata" e nunca podia participar porque os pentelhos dos meus irmãos não admitiam.Imaginem Graça Maria, participar de uma brincadeira tão masculina?  Só sei que, certa vez pedi tanto a Papai para dar um tiro de rifle , só um , não queria mais que unzinho. Amoleci Seu Abel, que sob protesto dos machistas de plantão, me autorizou a fazer a experiencia. Encostei o rifle na coluna da varanda e passei um bom tempo mirando o ponto certo. Enfim atirei e meu tiro foi certeiro, bem no meio do alvo. Fiquei orgulhosissima da minha façanha, naturalmente menosprezada pelos meus irmãos que gritavam : - " Foi uma cagada !!!  Duvido que ela acerte de novo!" e pediam a Papai para me dar outra chance de mostrar minha perícia...   Claro que eu, que não era boba nem nada, me recusei a fazer uma segunda tentativa e dizia que era melhor do que todos e não queria mais atirar.Saí de perto com uma expressão de vitória no rosto e não precisa dizer que eles ficaram com ódio de mim.                      
                  Se essa conduta do nosso pai fosse hoje,seria taxada de irresponsável e considerada uma apologia à violencia. Nunca nos ocorreu tal pensamento. Era uma forma de nos ensinar a manusear uma arma e foi uma coisa muito positiva na nossa formação. Crescemos com consciencia do perigo de usar uma ,indevidamente. Nenhum de nós, jamais desferiu um tiro ou andou armado. O único que se interessou pela coisa, foi Valério que, já adulto frequentou um clube de tiro e praticou o esporte, sendo que eu saiba, o único " Atirador de Elite " da família. Ele é muito " Cabra Macho " , mas nunca praticou nenhuma violencia, a não ser hoje, que já está velho e cardíaco, se arvora em perseguir bandido, coisa do gênero, para desespero de quem estiver com ele. Coisas do mano !!!
                  Nós tivemos toda essa vivencia sem que isso nos desviasse do caminho certo. Como eu já afirmei antes, era outro tempo, tempo de paz e de liberdade. Tempo em que podíamos deixar as portas abertas, podíamos sair à noite , sem correr riscos. Tempo em que havia respeito pelos pais e pelos mais velhos, pela ordem e pelas Leis. Tempo em que as escolas eram um segmento da educação, onde professores eram respeitados e onde se aprendia além de ler e escrever, a ser cidadão ,com lições de civismo e de respeito às  instituições do País. As crianças sabiam cantar todos os hinos da Pátria .   Acho até que a policia morria de tédio, as prisões não eram tão lotadas e os bens do próximo eram mais respeitados.Gente má, assassino  e  ladrão, sempre houve desde que o mundo existe, mas lá na nossa Usina Trapiche, o máximo que acontecia era um roubo de galinha ou uma briga de bêbados, voltando da feira. Com todas as limitações e dificuldades da época éramos mais felizes , podíamos ir e vir sem  preocupação alguma ,viviamos numa comunidade, onde praticamente todos se conheciam e se respeitavam. Tudo acontecia, de forma harmoniosa, sem maiores problemas. Todos participavam das regalias que a Usina patrocinava, sem exceção. Tinhamos conforto, segurança e, pricipalmente  PAZ, muita PAZ !!!

Contagem Regressiva 11 dias para o Natal (Minhas Memórias )

                 É  Natal  em toda parte e na Rede Globo também. Como ficou bonita a mensagem deste ano, com Roberto Carlos cantando junto com o pessoal da emissora ! O Rei , com sua figura doce,expressando um sentimento de paz e de simplicidade, deu um toque especial à mensagem de sempre. Não sei bem o que, mas ele me passa a sensação de uma pessoa  muito  iluminada.      Acho que é isso mesmo!
Deus não permitiria que ficasse tanto tempo em evidência, sempre muito discreto, religioso, sem escândalos, transmitindo sentimentos tão bons e mexendo com o emocional de tanta gente, se não fosse uma boa pessoa. E olha que ele já teve uma grande dose de sofrimentos e tribulações. Suas perdas foram significativas e mesmo assim, ele se mantém firme, sensível, temente a Deus e levando alegria ao coração de muita gente, com sua música  romantica.      Sei que nem todos gostam do que ele canta, mas temos que admitir que é um exemplo de ser humano. O sucesso e o que ele traz consigo, como poder e dinheiro, na maioria das vezes, transforma as pessoas em arrogantes e prepotentes, deformando seu caráter e provocando em todos um sentimento de repulsa, o que não aconteceu com Roberto. No comêço de sua carreira, ele era um jovem como todos os outros, empolgado com carrões, com velocidade e naturalmente  com as coisas novas que a carreira lhe dava, mas nunca se envolveu em situações negativas, sendo sempre muito querido e pestigiado. Adorei vê-lo na mensagem natalina da Globo, que conseguiu passar amor e alegria para todos neste Natal !
                   Como sempre , minhas memórias vão muito longe, buscar sentimentos e vivências de um passado , que prá  mim, não parece passado, tão forte é a sua marca na minha vida.
                   Continuo a falar de Seu Abel, o sábio que conhecemos de perto. Não quero dizer com isso, que foi um homem sem defeitos. Claro que tinha os seus, mas a sua sabedoria os sobrepujava. Ele era metido a médico também. Quando ficávamos doentes,  tinha sempre um remédio indicado e até aplicava injeção e tudo. Sua aplicação era horrível porque tinha uma mão pesada, mas fazer o que ? Tínhamos que nos submeter a isso e sofríamos com as injeções de Penicilina e Angino-Bismuto que faziam parte da sua farmácia particular. Tinha também os Calcios ,Vitaminas , Óleo de Fígado de Baclháu, além do remédio contra verminose que era um horror. Uma vez por ano tomávamos, em jejum, tantas cápsulas quantos anos tivessemos de idade e aquilo estourava no nosso estômago ,como uma bomba atômica. Ficávamos o dia todo sem poder comer, à base de chá e torrada. Era o dia " D " da nossa infância. Carlos não conseguia engolir as cápsulas e estas eram dissolvidas em água para que as tomasse. Eu, era mais esperta e dizia que tomaria tudo sem precisar de ninguém me vigiando e  não tomava nem a metade, que escondido jogava para as galinhas. Toda vez que lembro desse tenebroso episódio, posso sentir o gosto horrível do famoso vermífugo. Que diferença dos remédios atuais !!!  Da mesma forma, ele medicava Mamãe e se automedicava também. Em casa tinha todo o necessário para o serviço médico e de enfermagem. Havia uma caixa de metal, onde era guardada a seringa de injeção e agulhas que eram esterilizadas no fogo, em água fervente.
                   A bendita seringa tem uma boa história. Eu, curiosa que nem um gato, resolvi examiná-la e saber como funcionava. Fui lá na caixinha, às escondidas e mexe daqui, mexe dali, encaixei o êmbolo no tubo de vidro da seringa e coloquei o dedo no lugar onde vai a agulha, vedando o tubo.Empurrei o êmbolo como se fosse aplicar a injeçaõ e não deu outra . O negócio explodiu e a dita cuja ficou em pedaços. Guardei tudo direitinho na caixa e coloquei de volta no lugar, ficando quieta, como se nada tivesse acontecido. Um belo dia, Papai foi pegar a seringa para usar e percebeu o estrago. Perguntou a um, a outro ,quem tinha mexido e ninguém se acusou. Fiquei quieta e ele muito zangado, não admitindo mentira, pegou a Chiquita ( uma palmatória) e ameaçou dar uns bolos em cada um até alguém confessar o crime. Luiza, por ser pequena, ficou de fora da punição e em fila nos preparamos para o castigo. O primeiro da fila era o mais novo, Eduardo e ,eu seria a segunda. Com certeza, iria apanhar todo mundo se Eduardo, em prantos não tivesse confessado. Coitado do meu irmão !   Quando Papai levantou a mão, ele chorando, declarou :- " Fui eu"!  O caso acabou alí, depois de um longo sermão de Papai, sobre a necessidade de assumir um erro. Ninguém, nunca ficou sabendo do meu mal feito e eu carreguei essa culpa na consciência, por muitos anos, sempre contando ao padre , no confessionário, toda vez que me confessava. Só revelei o meu crime há algum tempo atrás, quando sabia que não corria nenhum risco. Eduardo pagou " O Pato", ninguém apanhou e eu saí de boa.
             Ainda sobre o médico Abel, tem a história da Chimbica, nossa galinha de estimação. Ela escapou de ir prá panela, não sei porque, só sei que ficou velhinha e era o xodó de todos. Ela botava ovo de qualquer jeito, pelo quintal  e fazíamos uma festa quando encontrávamos algum. Quando tinha galinha no almoço, vinha sempre a pergunta se era a  Chimbica. Morríamos de medo de comer a coitada ! Um dia, ela foi picada por uma cobra e ficou mal, com o pé muito inchado. O Dr Abel. não teve dúvidas e resolveu tratá-la com Penicilina , aplicando-lhe um monte de injeções, o que lhe salvou a vida. Chimbica morreu de velha e temos que admitir que Papai exercia seus dotes médicos com muita presteza.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 12 dias para o Natal ( Minhas memórias )

                    Estamos muito perto do Natal e eu sei que muita gente não pode compartilhar dessa ansiedade que nos envolve. Quantos estão doentes do corpo e do espírito  e por vários motivos, nem sequer tomam conhecimento de toda euforia em torno das festas de final de ano ?  Infelizmente não podemos fazer nada para lhes devolver a alegria e só nos resta pedir a Deus que amenize o seu sofrimento e que os faça lembrar que as promessas de Jesus continuam valendo para todos e que mais uma vez se renovam, para que o mundo possa ser melhor. Que a sua dor de hoje, não lhes tire a força, a fé, a certeza de que a vida é um dom divino e mesmo que tudo pareça insuportável hoje, haverá um outro dia amanhã, cheio de surpresas e de renovações. Para essas pessoas, eu diria que o Cristo Consolador não as abandona nunca e está ao seu lado, secando suas lágrimas, curando suas feridas, amenizando as suas dores e lhes dando coragem para continuarem suas tragetórias que irremediavelmente, os levarão até Ele, um dia.
                    Minhas recordações de hoje são lá da Usina Trapiche, da nossa casa, da nossa família, muito de Papai, de suas várias facetas de personalidade. Além de ser tudo que eu já falei antes, ele era muito culto, gostava de ler e escrever e nos incentivou principalmente a ler. Ele costumava dizer que ler o jornal, já era suficiente para se manter atualizado e com bons conhecimentos gerais. Vale à pena frisar que naquela época, não havia televisão, nem computador, nem calculadora e muito menos a praga do vídeo game. Ou lia bastante, estudava muito e aprendia a fazer conta de cabeça, ou ficava ignorante. Não tinha escolha e acho que isso contava e muito para um melhor aprendizado. Naquela época, não se passava de ano sem saber a matéria ensinada. As pessoas não saiam da faculdade sem saber o que fazer e tinham que se esforçar para serem bons naquilo que escolhiam como profissão. Eram outros valores , não querendo desfazer de quem hoje, tem realmente interesse em saber e não apenas em ganhar dinheiro.
               Seu Abel gostava de política e várias vezes se candidatou a um cargo de Vereador no Município vizinho.Conseguiu uma vez como suplente e foi a" glória." As pessoas prometiam votos e na hora H , não era ele o candidato de sua preferencia. Isso o decepcionava muito e, por um tempo, ouvindo os conselhos de Dona Graça, jurava não se meter mais com política, até a próxima eleição quando seu nome era lançado de novo. Não dava prá ficar de fora se podia oferecer seus préstimos à população de sua terra natal.
               Dia de eleição, lá em casa era uma festa. Papai, Mamãe e Lia , os votantes da familia, tomavam aquele banho especial, vestiam a melhor roupa, se enchiam de perfume e iam os três, no jeep da Usina, condução que era disponibilizada para os eleitores, até Serinhaém cumprir a sua cidadania em grande estilo. Antes, era a maior confusão. Mamãe não sabia onde havia colocado os títulos seu e de Papai, o que gerava muita choradeira e nervosismo da coitadinha. Enfim, conseguiam ir até as urnas, com os nomes dos candidatos indicados pelo Seu Abel. -Puros votos de cabresto!  Na cidade vizinha, era uma festa onde todo mundo conhecido se encontrava, mesmo quem já morava em outro lugar e voltava sempre naquele dia para votar.
               Lembro de uma eleição e essa ficou marcada na história, em que Papai era candidato e sabia que na seção de Mamãe e Lia, que era a mesma, ele teria garantidos os  votos das duas. Muito bem. As urnas foram apuradas e veio a grande decepção para Seu Abel, que contava com um certo número de votos e com certeza , aqueles dois. Acontece que ele não conseguiu se eleger e justo na referida urna, só tinha um voto.  Foi um fuzuê daqueles : Papai queria saber quem não votou nele, se Lia ou Mamãe e esta, chorona como era ,jurava entre lágrimas que votara nele. Nunca ficamos sabendo a verdade e só há pouco tempo, Lia confessou que votou num outro candidato, seu namorado na época , o Tonho da Barra. Papai morreu sem saber dessa terrível traição.
                Quando Vereador, Papai discursava nas sessões da Câmara e seus discursos eram escritos em tiras de papel almaço e, lidos em casa, por ele que imprimia um tom solene à voz. Aquelas tiras eram dobradas cuidadosamente e guardadas no bolso ,para serem lidas na hora certa. Ele escrevia muito bem, tinha uma letra linda e posso afirmar que era um ótimo orador, pelo menos prá mim,que gostava de ouvi-lo falar.
                Dos seus filhos , só Carlos e Valério se interessaram por política. Carlos foi Vice-Prefeito de Serinhaém e era tão desligado que no dia da posse, tiveram que buscá-lo em casa, porque ele havia esquecido. Valério foi Vereador com uma campanha cujo slogan era " ARROCHA O NÓ " ! Se ele arrochou alguma coisa , não sei. Nessa época , já não estávamos mais na Usina. Essa parte  do seu perfil, fica por sua conta, e eu fico na torcida para que todo mundo escreva um pouco de suas memórias!!!
               
        
              

domingo, 11 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 13 dias para o Natal ( Minhas memórias)

             Há tão poucos dias do Natal, não temos como ficar de fora de tanta vibração. Todos já se contagiaram com  o virus do espírito natalino e começa a corrida para as compras, tornando insuportável o trânsito pelas lojas. Apesar de adorar todo esse movimento, não consigo mais ficar muito tempo nele. A minha " Melhor Idade " não me permite mais tanta agitação e a essa altura, não me atrevo  a participar dessa aventura deliciosa. Isso já" não me pertence mais". Hoje, eu como boa artesã , faço minhas próprias lembrancinhas e me organizo para a ceia de Natal, que será aqui em casa, com a presença dos meus filhos, netos, parentes e aderentes e, se DEUS permitir, com muita alegria e muito brilho nos olhos de todos. Procuro repetir o sentimento que viví na infância e infelizmente não dá prá ser tudo igual, porque por mais que me esforce, não temos mais aquela vida tranquila e encantada  da Usina. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram e temos que nos adaptar à realidade de hoje, fazendo com que o Natal não perca o seu verdadeiro sentido cristão. Jesus tem que renascer de forma especial nos nossos corações, com o mesmo brilho da estrela que guiou os Reis Magos, há  mais de dois mil anos atrás. Isto não pode mudar. Há de se repetir por toda nossa existência, como bons cristãos que somos.
                Por ter falado com Eduardo, por esses dias, ele me refrescou a memória e muita coisa veio à tona me fazendo voltar à nossa Barra de Serinhaém. Lembramos de coisas que por ter esquecido, pulei nos meus relatos.Falamos principalmente do ano que Valério resolveu que não queria mais ser padre . Ele foi nas férias de final de ano, passou as festas conosco, mas não revelou a sua  intenção de não mais voltar para o seminário. Fomos para a praia e conosco foi o padre Izidoro, uma espécie de olheiro dos padres superiores ,com a missão de se certificar de que a vocação de Valério," já era." Ficamos encantados com a companhia do padre que , segundo Eduardo, quase desiste também. Ele era uma alegria só e nos ensinou muitas coisas interessantes. À noite, ficávamos na varanda em frente de casa e o padre contava histórias e nos ensinava musiquinhas , as quais, nunca esquecemos. Até música indígena , nós aprendemos. Era um tal de " aribô foxagiô ô ô ô, arapi pô anhagá diga gôga, tula baba juriti ... " , não lembro de toda a letra, o que deixo para os outros três irmãos, como imcumbencia de fazerem. Entre outras canções, as que lembro são a da " pulga e o percevejo", " cai chuva, cai lá do céu / cai chuva no meu chapéu..." ," do canarinho que caíu doente" e por aí vai. Além das canções , havia as histórias de assombração como a da " Maria Ventura, cadê minha fussura, que tiraste de lá da sepultura ". Lembrando que como não tínhamos luz, o escuro era propício para ficarmos com muito medo de andar  sòzinhos pela casa e ir prá cama, só com todo mundo junto. Foram umas férias maravilhosas essas ! O padre realmente nos encantou e, como sempre aprontamos todas.
            Apesar de não participar dos programas dos meninos, isso não me abatia muito, porque eu tinha os meus. Eu era amiga dos moradores da praia, aprendi a fazer rede de pesca com eles e, com as meninas da minha idade, me divertia prá valer. Atrás da nossa casa, não muito perto, tinha um mangue e eu ia prá lá pegar carangueijo. Antes de chegar no mangue, passávamos por dentro do cemitério local, daqueles que só tem covas na terra. Eu adorava ficar olhando o coveiro cavar e às vezes, jogar prá fora os ossos que estavam alí. Aquilo , era muito normal na minha cabeça. De lá, seguiamos para o mangue, onde nos atolávamos na lama, prá chegar até os bichinos de patinhas. Essas coisas , eu fazia sem que mamãe soubesse, sendo que ela queria me matar quando me via chegar toda cheia de lama, mas sempre com alguns carangueijos e aratús. Eu não tinha mesmo jeito e me metia em todo lugar. Na praia, tinha dois clubes dos pescadores : o Aliado e o Canaã, onde eles promoviam suas festas. Certa vez, entrei no Aliado e fiquei observando a dança. De repente escutei uma voz no auto-falante que dizia : " Atenção, muita atenção ! A moça que está de vestido azul, queira se retirar do clube, porque dama não pode cortar cavalheiro!" Assustada, percebí que o recado era prá mim. Eu era apenas uma menina e um rapaz do lugar me chamou para dançar, o que recusei de pronto. Era eu , a moça de azul e não tive opção. Saí indignada e fui para casa chorando e não deu outra: os meninos tiraram o maior sarro da minha cara.,
              Logo cedo, eu adorava ir até a praia com Carlos, pegar conchinhas que o mar jogara prá fora, à noite. Ficavamos horas catando as bichinhas e nos divertíamos observando um doido do lugar que chamávamos de "Peido Areia", nadando  com os botos, num lugar muito perigoso. Coitado, ele, cujo nome era Pedro, não passava de um pobre maluco que não tinha noção de perigo e, nós crianças nos divertíamos com suas atitudes nada normais.
              Outra brincadeira muito gostosa, era andar com pernas de páu, pela praia, indo e vindo como uns verdadeiros palhaços de circo.Tudo de bom e nós vivemos isso , livres e soltos como se fôssemos daquele lugar, parte daquela paisagem deslumbrante, alí no meio da natureza, sem medos, sem preconceitos, sem preocupação de espécie alguma a não ser a vontade de viver naquele paraíso !

sábado, 10 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 16 dias para o Natal ( Minhas memórias) 08/12/2011

               Quanto mais se aproxima, mais se faz presente o Natal, tornando as crianças mais excitadas pela espera do Papai Noel e os adultos mais empenhados em realizar as suas fantasias .                                   São Paulo se transformou num verdadeiro cartão postal, uma exposição artistica do maior bom gosto e de muita criatividade.  Nos finais de tarde, corais com formações diversas, se exibem nas estações do Metrô e terminais de ônibus, com suas canções natalinas, para deleite dos paulistanos apressados, humanizando a gigantesca  " selva de concreto". É  o Natal ao alcance de todos !
               Toda essa cantoria me faz lembrar o nosso tradicional Pastoril do Nordeste, hoje menos encontrado, talvez substituído pelas manifestações mais modernas e importadas de homenagens natalinas.
Antigamente, o Pastoril  era uma festa de todo ano, com  formação principalmente de meninas que se apresentavam com suas roupas de pastoras ,dançando e cantando em dois cordões : o Encarnado (vermelho) e o Azul. O cordão Azul tinha à frentre a Contra-Mestra  e o Encarnado, a Mestra. No meio vinha a Diana, que era neutra. As três cantavam cantigas referentes às suas posições e as outras pastoras, dançavam e  cantavam em grupo e com seus pandeiros acompanhavam o rítmo . Além das pastoras havia a borboleta e a figura masculina de um pastor. As pessoas participavam ativamente com torcidas organizadas e comprando votos para elegerem um partido. Eram várias as apresentações, sempre muito alegres e vibrantes.
                No Pastoril da Usina, nunca tive chance de aparecer muito, porque as melhores posições eram dadas às filhas da diretora do Grupo Escolar, a organizadora da festa. Eu morria de vontade de ser a Mestra, Contra-Mestra , a Diana ou até mesmo a Borboleta, mas nunca cheguei lá. Comecei a achar que certamente , eu era sem graça, porque nunca tinha oportunidade nem mesmo nas peças infantis que a Dona Alcina ( a diretora da escola) promovia. Eu´só conseguia ser no máximo uma figurante sem fala e não sobrava prá mim, sequer o papel do" Lobo Mau," do Chapeuzinho Vermelho ou mesmo a "Bruxa Malvada" da Branca de Neve. Que sofrimento, o meu! Mas, paciência; o negócio era participar, mesmo que fosse com um papel insignificante. E um dia , a grande oportunidade veio! Qual não foi a minha surpresa, quando as freiras do Colégio de Serinhaém ( cidade vizinha da Usina), me convidaram para participar do seu Pastoril ? Dessa vez, seria a 2a do cordão Azul. Não seria " protagonista " mas pelo menos " coadjuvante ". E depois só eu fui convidada na Usina . Era a glória !!!  Fiquei felicíssima e todos em casa também. Foram várias apresentações no palco do cinema da Usina, com a presença de toda sociedade local. Meus dias de estrelato, foram maravilhosos, ainda mais com a vitória do meu partido Azul.
             Os preparitivos para minhas apresentações artísticas, me faziam chorar muito. Mamãe não gostava de cabelos escorridos, como dizia ela, e insistia em encrespar os meus ,que já eram um tanto ou quanto armados.Ela enrolava meus cabelos com um lápis, fazendo cachinhos e prendendo com biliros ( grampos) e quando eram tirados na hora de me arrumar ,eu ficava com um belo " black power" grande e cacheado. Odiava isso , mas Mamãe achava lindo. O importante prá mim era estar no palco, vestida de pastora , de pandeiro na mão. Não tinha que cantar sòzinha e esse era o ponto: Deus não me deu voz e acho que por causa desse detalhe, era discriminada por Dona Alcina, que aliás tentou a pedido de mamãe, me ensinar a tocar piano e logo me dispensou porque eu queria mesmo era brincar com as filhas dela. Mais uma frustração que carrego comigo :  nem voz nem piano !!!
              Meus talentos eram outros : era a mentirosa do pedaço e adorava me meter nas conversas de Mamãe e de Lia com as amigas. Ninguém podia falar nada na minha frente que logo eu divulgava e por isso me chamavam de " Reporter Esso" . Lia odiava me levar para os passeios dela e eu, por minha vez, odiava andar  com Luiza atrás de mim com a roupa sempre igual à minha. A diferença de idade entre nós duas era de quase 5 anos o que me deixava numa posição muito chata diante das minhas amigas. Afinal , eu era "grande" e ela , quase um  bebê que eu tinha que cuidar.Mamãe dizia que quando eu me juntava com minhas " pareceiras", como ela se referia às minhas amigas, ficava insuportável ! Acho que ela tinha razão, eu era muito danada mesmo, ainda mais por tido como companhia, quatro diabinhos que aprontavam muito comigo.
Como eu era menina, não tinha vez com eles, a não ser quando interessava exercer o meu insignificante papel de " mulher".
             Quantas lembranças e quanta saudade ! Quanto mais eu lembro mais , mais vontade tenho de voltar no tempo e reviver nossa infância no mundo encantado da querida e distante Usina Trapiche!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 17 dias para o Natal ( Minhas Memórias)

               Quanto mais se aproxima o Natal, mais me empolgo com tudo que vejo à minha volta. Agora, é evidente que estamos quase lá. Proliferam as mensagens, cada uma mais bonita do que a outra e as decorações de lojas, ruas e shoppings , são cada ano mais encantadoras, deixando as cidades engalanadas.
É um verdadeiro festival de luzes e cores, colírio para nossos olhos e alegria para nossos corações!
Como seria bom se o mundo todo fosse envolvido por essa energia e que se erguesse uma bandeira branca de paz entre os povos e que todas as pessoas pudessem comungar do mesmo sentimento de fraternidade, de amor e de alegria! Como seria bom se todos pudessem partilhar o pão de todo dia, sem fome, sem miséria, sem ódio e com esperança no coração! O Natal enseja essa harmonia universal, o que infelizmente não acontece para todos!
                Meu espírito se enche de felicidade, diante da presença de toda essa arrumação em torno das festas natalinas com a mesma força de quando criança, o que me faz buscar os guardados da memória e ir correndo para a Barra de Serinhaém, o nosso pedacinho de praia, tão grande na nossa infância. Lá, nós não éramos " amigos do rei " e sim os próprios reis. Nosso castelo estava lá, nos esperando e com certeza reinaríamos por um bom período de tempo, o suficiente para ficarmos negrinhos de tanto sol, com os cabelos dourados e cheios de sal. 
                Os primeiros dias na casa nova, foram de descobertas e marcação do território. A novidade de dormirmos todos no mesmo quarto era excitante. Havia sempre um engraçadinho fazendo medo ou perturbando o sono dos outros. À noite, sem luz, ficávamos na varanda contando e ouvindo histórias, cantando cantigas que Valério trazia do seminário, curtindo a lua e as estrelas daquele céu ímpar. Ao toque de recolher de mamãe, apagava-se o candeeiro a querozene e íamos todos prá cama.                                 O madrugador era Murilo que nos acordava com o bordão : " Vamo acordar, vamo acordar. Passarinho que é passarinho, já tá no oco do mundo"! Cantando também , sua musiquinha chata : " Palagolá, legolé, ligolí, logoló, lugulú...gulú...   gulú..."  Pulávamos da cama e íamos fazer caminhadas pelo mato  a dentro em busca de cajús, mangabas e massarandubas. Íamos longe e sempre trazíamos alguma fruta . Na hora do banho de mar, íamos todos com mamãe e Lia, com nossas alpargatas, naquelas areia quente, sol escaldante, até a nossa praia particular,brincar nas águas nem sempre tranqüilas, dependendo da maré. Às vezes tinhamos que enfrentar a fúria das ondas, o que fazíamos sem grande dificuldade.Afinal, sabíamos nadar como peixes. Tínhamos curso de natação na barragem da Usina Trapiche. Voltávamos famintos e nos deliciavámos com os quitutes do mar que mamãe preparava . Banho, era só de mar e uma lavadinha safada de água doce, no corpo, no final da tarde, para não írmos deitar com areia nos pés.   Ficávamos com os cabelos duros, cheios de sal e isso era o normal. Não tínhamos chuveiro...fazer o que?
                   Papai ia nos finais de semana e costumava fazer pescarias, ir até a Ilha de Sto Aleixo, com os meninos, programas dos quais "euzinha" não participava, por ser menina. Ele tinha um amigo pescador, Movel, de quem alugava a jangada para os passeios. Na casa desse homem , tinha mangueiras e papai comprava aquele monte de mangas espadas e rosas, as mais saborosas que já provei e nós devorávamos as frutas com avidez. Era uma fartura sem igual !!!
                   Não dá prá esquecer tanta coisa maravilhosa e  eu ,com minhas simples palavras, não consigo descrever  tudo que tivemos na nossa infância tão rica e tão feliz ! Como eu gostaria de poder agradecer a Seu Abel e Dona Graça, a benção de ter sido um de seus frutos !    Agradecer por tudo que nos proporcionaram, pela FORTUNA  que nos legaram e que ninguém, por mais que se esforce, pode avaliar!!!



          

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva - 18 dias para o Natal ( Minhas Memórias )

            Hoje cedo, fui ao laboratório fazer um exame e estava com muito medo. Ao chegar na recepção, a primeira coisa que ví, foi um Papai Noel bem grande, sentado em um balanço, com as pernas cruzadas. Além da surpresa da decoração, me dei conta de que o Natal chegou prá todo mundo. A figura emblemática do bom velhinho, me encheu de alegria e até esqueci o meu medo. Lá dentro, observei as pessoas, todas com seus problemas de saúde e pensei em como somos vulneráveis e ao mesmo tempo, envolvidos com o que nos oferece cada situação. Só de lembrar que o Natal está tão próximo, me deixei levar pela sua magia e me pus a sonhar com um monte de coisas boas. Não só eu, mas com certeza a maioria das pessoas que alí estavam, também sentiu o clima de festa no ar.
            Há momentos na nossa vida ,que nos fazem refletir a respeito da nossa condição de simples mortais e em como somos protegidos em nossa caminhada, aqui na terra. Sabemos que um Poder Superior nos orienta e cuida de cada um de nós. Nas dificuldades, nos lembramos de invocá-lo e é importante que saibamos homenageá-lo também ,com nossa alegria e muita festa ,nas datas que lhe são dedicadas, não esquecendo de agradecer todos os dias, pela vida, pelo sol, pela natureza pelas dificuldades que nos fazem crescer e por tudo de maravilhoso que temos de graça. Comemorar o Natal, prá mim, é uma pequena homenagem que fazemos a Jesus Menino e a todas as crianças que Ele bem-aventurou.
             E por falar em criança, quero lembrar um pouco da Barra de Serinhaem, aquele paraíso perdido na minha fantasia infantil, lá longe, no litoral sul do meu querido Pernambuco.Da nossa praia quase selvagem, cheia de sol, mar azul, velas ao vento, cheiro forte de maresia, areia muito branca , morada dos deuses e dos pescadores, altos coqueiros e casas de páu-a-pique cobertas de palha. No meio desse paraíso tropical, agora, tinhamos uma casa nossa.
             O melhor lugar, ou seja o que coube no orçamento de papai foi alí na entrada do lugarejo, em frente a um Grupo Escolar , não muito perto do mar, mas um lugarzinho especial. A primeira vez que fomos passar o verão na casa nova, foi a descoberta de uma verdadeira mina de ouro. Lembro que um caminhão parou na frente de casa, na Usina, e juntamos nossos mijados e fomos em cima da carroceria, rumo ao nosso chateau recém-construído. A viagem foi a mais longa que já fizemos. O caminhão capenga, ia muito devagar pela estradinha estreita , ladeada de coqueiros , mangueiras e cajueiros e, pouco a pouco íamos sentindo na pele, o ar gostoso da praia que se aproximava. Chegamos. Curiosos fomos conhecer toda a casa, que tinha    um terraço em L , com areia da praia no chão.Lá dentro, uma sala , cozinha e dois quartos grandes.O da frente, era de mamãe, papai e tinha um berço de Luíza, que era ainda um bebê de quase 2 aninhos. O outro quarto era o nosso. Havia uma cama, de Lia e dois" treliches ", onde nos acomodávamos à noite. O banheiro , era do lado de fora e não tínhamos água nem luz elétrica, mas era a casa dos sonhos.' Papai,como  sempre ,pensava em tudo e já tinha comprado " Alpargatas Roda", umas sapatilhas de lona, com  sola de corda, para que caminhássemos até a praia . O caminho era acidentado e cheio de mato com espinhos e, depois, a terra ficava muito quente e não dava para irmos descalços . Lembro de um tipo de cacto que dava uma fruta vermelha ,chamada " cardo". Parecia um jambo bem vermelho por fora ,com uma popa branca e sementes pretinhas. Era uma frutinha bem selvagem, mas gostosa.  A praia era muito deserta e alí ,naquele pedacinho, acho que só nós íamos todos os dias. Era como se ela nos pertencesse.
              Reconhecido o terreno, nós os seis diabinhos , estávamos iniciando uma vida de liberdade e de travessuras. Fomos muito felizes alí, e certamente cada um de nós tem muita história prá contar e muita saudade prá curtir, porque  SAUDADE BOA NÂO MATA NEM MALTRATA !!!
            

domingo, 4 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 19 dias para o Natal ( Minhas memórias)

             Passei uns dias sem fazer minha contagem regressiva e agora me dei conta de como estamos perto do Natal e tudo gira em torno das festas. É uma agitação contagiante, gostosa ,que me enche de entusiasmo !  Fico louca prá ver de perto todas as coisas bonitas que se espalham pela cidade enchendo-a de luzes e de enfeites maravilhosos. Tudo me encanta e emociona , me fazendo lembrar dos tempos de criança.
             Hoje, minha viagem ao passado, me leva à praia, nossa inesquecível Barra de Serinhaem, palco de muitas aventuras de todos nós. Até essa mordomia, que hoje cabe a quem tem uma melhor condição financeira, papai, com seus poucos recursos, conseguiu nos proporcionar. E verdade seja dita: como nos proporcionou !
             A princípio, ele alugava uma casa que ficava na praça principal do lugarejo. Alí, tinha tudo de mais importante: a igreja, a padaria, o clube e as casas das pessoas mais importantes do lugar. Tinha até uma casa de 2 andares, de um dono de praia de coco. No final da rua ficava o porto, com seu cheiro inconfundível de rio e de maresia. Lia tinha umas amigas que moravam perto do porto e sempre me levava lá. Lembro que caminhávamos pela praia, nos finais de tarde e eu brincava com os sargaços e um tipo de caniço que o mar .trazia. São retalhos de lembranças que guardo até hoje.
            A casa alugada , se localizava nos fundos da " casa grande", que ficava à beira- mar e que tinha um cata-vento. Eu morria de vontade de entrar lá, porque na minha cabecinha infantil era como se fosse um castelo encantado. Uma grande cerca, separava a nossa casa do terreno imenso da outra, onde havia uma abundância de frutas, as mais deliciosas que já comi. Tinha manga de todas as espécies, principalmente a rosa e também jambo, daqueles bem branquinhos e rosados, doces como mel. Lia, muito safada, enfiava Luiza, pequenininha, pela fenda da cerca e a mandava pegar as mangas caídas no chão. Mamãe reclamava mas ela sempre cometia esses pequenos furtos . Os donos da casa nem se importavam com isso, acho que não ligavam para o que tinham no pomar.No nosso quintal, tinha um poço, no qual nossa caçula quase caíu, dando o maior susto em mamãe. Nessa casa, passamos alguns verões e o conforto era o mínimo do mínimo. Lembro do banheiro no quintal : era uma palhoça, sem teto, sem nada  mas  isso não impedia a nossa felicidade. O sonho de papai era construir a nossa casa do jeito que ele sonhava e com grande sacrifício conseguiu realizá-lo.
           Veio a fase da construção e com ela a nossa curiosidade. Não tivemos muito acesso ao projeto, porque na época a praia era muito longe. Não tínhamos como ir lá sempre. Papai ia a cavalo ou charrete e fazia tudo por sua conta. Ele mesmo projetou tudo e nós acompanhávamos os seus relatos. Não lembro em quanto tempo ficou pronta, talvez porque não nos preocupássemos com isso.Mas lembro da nossa alegria da primeira temporada na casa nova. Não importava se não ficava à beira-mar e se tinhamos que andar um bom pedaço, para chegar até lá. Importava sim que os nossos verões estavam garantidos e realmente foram maravilhosos!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva----- 23 dias para o Natal ( Minhas memórias )

              Estive pensando que essa minha contagem regressiva ,pode estar "enchendo o saco "de todo mundo, mas tenho que contar os dias porque na minha  "Melhor Idade", vivo um dia de cada vez . Faltam exatamente 23 dias para  o Natal, que espero seja de muita alegria para todos. É muito pouco tempo para quem esperou um ano inteiro. É assim mesmo ; o ano começa com festa , com esperança de um ano melhor, com planos e planos e logo queremos coroá-lo com o Natal. É tempo de agradecer pelas coisas boas e pedir para que melhores dias aconteçam. É tempo de renovação, de reflexão e de muita festa. Minha contagem regressiva decorre da paixão que tenho pela data e,  de como ela me transporta para um mundo fantástico que trago no meu espírito e no meu coração.
              Hoje estou especialmente saudosa, talvez mais sensível diante das lembranças muito fortes do nosso irmão Carlos, o segundo da tropa. Como descrever alguém, que passou a vida conquistando as pessoas que puderam usufruir da sua doce presença ?
              Em criança, foi um pentelho que sentia prazer em fazer chorar os dois manteigas derretidas: Murilo e Eduardo. Ele sabia o ponto fraco de cada um e aprontava em surdina, as suas brincadeiras malvadas. À mesa, na hora da refeição , costumava fazer bolinhas de miolo de pão e jogar na gente, como se não estivesse fazendo nada. Se revidávamos, como não tínhamos a sua habilidade, levávamos as broncas de Papai, enquanto ele se divertia. Carlos tinha prazer em azucrinar suas vítimas e botava apelidos em nós todos: Eduardo era Chiquita, eu era Graxa Mamão ou bochecha de Estronda Navio, Murilo era Bulicuda, Luíza era Tripa. Não lembro do de Valério mas com certeza, também tinha. Até uma menina negra, chamada Serrate, que mamãe tentou adotar e que passou algum tempo conosco, ganhou o sugestivo apelido de " Peleca".   Depois que Murilo parou de chorar, Eduardo passou a ser a próxima vítima. Não precisava fazer nada ; ele só olhava para o Chorão e tremia a boca. Era o suficiente prá este abrir o berreiro.
                Carlos foi uma criança magra, cheia de trejeitos e muito habilidoso ,quando se tratava de fazer os próprios brinquedos. Lembro do seu capricho em cortar um galho de goiabeira em forma de  Y , para fazer a sua baleadeira ( estilingue ).  Ele queimava e raspava a madeira , deixando-a  lisa e prendia a borracha e o courinho, com arte. Fazia baleadeira ou badoque de tudo quanto era tamanho, sendo o seu preferido o pequenininho, com o qual atirava grão de milho ou feijão na gente , de preferência à mesa. Sua habilidade com o pião de madeira, com as bolas de gude, com os botões de jogo de futebol, era incrível. Essa facilidade em fazer as coisas ,  levou para toda a vida. Carlos era um excelente artesão com madeira e escultor de mão cheia. Tanto fazia móveis como esculpia pequenas coisas com perfeição.
               Os traços marcantes da sua personalidade foram a sua bondade, generosidade,  a sua falta de ambição, seu jeito manso e humilde , o amor que sentia por todos nós. Eu não sei, acho que à sua maneira, foi feliz, porque a sua felicidade era diferente, própria de quem é desprovido de vaidade e de orgulho. Costuma-se dizer de pessoas assim, que "são boas prá todo mundo, menos prá si próprias". É a forma de pensar de quem quer alcançar o melhor; só que prá ele, o melhor era viver a sua vidinha despretenciosa, servindo a todos que precisavam dele, tomando suas biritas e tudo bem. Era, sem dúvida alguma, um artista que aceitou a vida como ela foi .                                                                                                              Sua relação com nossos pais foi muito intensa. Desde criança, foi o xodó dos dois.  Mamãe achava que ele era frágil e o safadinho se aproveitava disso. Lembro que uma vez , ele me perturbou muito e eu, escandalosa como era, gritei e chorei para que mamãe o castigasse. Quando ela apareceu com o chinelo na mão, o fingido começou a passar mal ( de mentira) e ela muito preocupada e já chorando, o conduziu até a cama , onde ficou com a maior cara de santo.
              Todos os sobrinhos que o conheceram, tinham adoração por ele, e com os coitados, também aprontava todas. Apesar das suas brincadeiras e perturbações , foi uma das melhores pessoas que conheci na vida e de quem tenho o maior orgulho de ser irmã! A saudade é imensa mas eu tive a graça de ter sido amada por uma pessoa tão ESPECIAL !!!